Soldado Bisonho
Era destaque no quartel,
Para ter regalias
Puxava o saco do Coronel.
Esperto ele era,
Vivia na mordomia,
Enquanto para os outros
Só trabalho havia.
Ser puxa saco
Tem suas vantagens,
Não acordava cedo
Nem pagava suas passagens.
Não capinava mato,
Nem cozinhava feijão,
Era diferente o trato
Por ser um soldado babão.
Os outros soldados
Logo entenderam,
E com o Bisonho safado
Se enfureceram.
– Ele não pega pesado
Só lava as botas do coronel,
Enquanto comemos ensopado
Ele come pizza e pastel.
Começou uma revolução,
Bisonho não esperava
O que seria de fato,
O seu próximo plantão.
Todos levaram seus sabonetes,
Os lençóis embrulhariam os presentes,
Pancadas fortes esperavam
O soldado incompetente.
De nada desconfiava
O pobre Bisonho,
Em sua cama adormeceu
Esperando por seus sonhos.
Enquanto dormia
Espancado ele foi,
Sabonete no lençol,
Levou uma pisa pra dois.
Recebeu pancadas
Em todo seu corpo,
Tinha hematomas
Da bunda ao pescoço.
Em sua cama
Um bilhete dizia:
Pare de puxar o saco do coronel
Ou apanhe todo dia!
Ao encontrar seus amigos
De fora do quartel, explicou,
Os motivos de tanto machucão
Que ele levou.
– Na hora de apresentar armas
Um sopapo do rifle levei,
Por não ter cuidado
Meus lábios machuquei.
E os machucados no corpo?
Perguntaram preocupados,
Batalhas no campo
Foi à explicação do soldado.
Para o quartel ele voltou
Temendo apanhar,
As botas do Coronel
Nunca mais foi limpar.